02 junho, 2006

A amizade pela amizade

Ultimamente tenho pensado muito sobre amizade. Cada pessoa carrega consigo uma interpretação pessoal sobre isto. Aqui vou esboçar um pouco do que eu trago dentro de mim.

Quando se tem um amigo, não se espera que ele mude a sua vida. Não se espera que ele faça algo incrível que mude o seu destino, que ele tenha a resposta para todos os seus questionamentos, que lhe traga a solução para os seus problemas. Não. Apenas espera-se uma única coisa: que ele esteja lá. Não necessariamente de corpo presente, mas de espírito. Não exatamente disponível naquele mesmo instante, mas certamente com anseio de te ouvir e de falar, mesmo quando não se sabe muito bem o que será ouvido nem o que pode ser dito. Espera-se a presença amiga, algo mais sentimental que concreto.

Um amigo não tem a intenção de mudar a sua vida. Porém essa atitude de amigo, essa presença espiritual, te serve de auxílio para você mesmo mudá-la. Com a ajuda de um amigo, você consegue encontrar respostas - e provavelmente descobrir muitos outros questionamentos também.

Um amigo também o aceita como ser humano. Vê os seus defeitos, sabe que você é limitado. E tenta ser um apoio nas suas limitações. Não espera de você a perfeição, e consegue perdoar os seus erros. Sabe dizer que você errou. Tenta ajudar você a não mais errar. É presença amiga quando você se esquece de ser.

A amizade não impõe que nenhum sacrifício seja feito entre os amigos. Amigos encontram satisfação por serem amigos. São amigos porque gostam de ser amigos e encontram a amizade refletida na outra pessoa. É generosidade, atitude gratuita que não espera receber algo em troca, a não ser a presença amiga. É bom ser essa presença, é bom sentir essa presença. A amizade justifica-se por ela própria.