20 fevereiro, 2006

Domingo

Domingo é dia de ir na casa da vó. Aquele lugar que invariavelmente me transporta ao passado.

Sou levada ao passado ao ver aquele cenário quase imutável, aquele quintal cheio de plantas que foi palco das minhas primeiras brincadeiras de infância... Ainda lembro de minha vó na janela da cozinha, da horta com os pés de alface, os moranguinhos e a pitangueira carregada. O medo que eu tinha de ficar sentada no degrau da garagem pois achava que o carro do vô ia descer e passar em cima de mim! Pouca coisa mudou lá. O cheiro da casa é ainda o mesmo.

Viajo também a um passado bem mais distante, que nunca vivi. Conversar com meus avós, ouvir as histórias deles, é tão bom! Histórias de tempos idos, que eles me contam com um brilho nos olhos, numa mistura de alegria e melancolia dos anos que não voltam mais.

Como é gostoso ouvir sobre como era a vida no passado! As coisas simples mesmo: como eram as mercearias, as escolas, como fazia pra guardar a carne, como fazia pra comprar tecido... As histórias de como era o sorvete de limão, sabor favorito de minha vó também.

Como é gostoso descobrir como as coisas aconteceram na minha família! Como o bisavô veio da Espanha, como minha vó conheceu meu vô... E ao ouvir todas essas coisas, tenho aquela sensação de que, mesmo sendo histórias que aconteceram muito tempo antes de eu existir, tudo faz parte também da minha história, aquela que eu resgato sempre olhando para o quintal cheio de plantas...

Domingo é dia de ir na casa da vó. Minha vó e meu vô... duas vidas que já viram tanta coisa! E nas histórias contadas, cada palavra é uma gota de suas vidas que nutre cada vez mais a admiração e o respeito que eu tenho pelos dois.