21 março, 2006

Flores, flores

É noite, e a cidade põe-se a dormir. Lojas fechadas, semáforos piscando em amarelo. Nas janelas dos edifícios, o que se vê são ora quartos escuros, ora com luzes tênues de abajur ou oscilações coloridas de imagem de televisão. O barulho do dia se foi. Rasgando o silêncio, apenas o som de um carro ou outro que passa com pressa pela rua.

Na vitrine quase escura da floricultura fechada, lindas flores cor-de-rosa. Apesar da falta de luz, impossível não notar tanta exuberância nas tonalidades e perfeição nas formas. Orquídeas, lírios, azaléias e muitas outras flores em belos arranjos que, mesmo trancados naquela redoma de vidro, exalavam um perfume doce que sentia-se do lado de fora.

Fiquei a imaginar os sorrisos que aquelas flores provocariam, imaginar os tantos motivos de receber e enviar flores, os casais apaixonados, os aniversariantes felizes, acontecimentos importantes, as pessoas agradecidas, alguém querendo enfeitar a casa.

O silêncio sério da noite fora substituído pelo delicado silêncio das flores na vitrine.

Flores provocam sorrisos. Até flores assim, ainda sem destino certo. Que linda vitrine de cores, formas, perfumes e sorrisos guardados...