Ontem
O dia amanhece normalmente, como qualquer outro dia. O Sol está no mesmo lugar, o ônibus passa no mesmo horário, o iogurte tem o mesmo gosto. Não há aparentemente nada de estranho, nada de anormal.
Mas algo parece conspirar para que tudo me seja ruim. Por que será que tenho esses dias onde tudo, absolutamente tudo que tento fazer não dá certo ou não me agrada de alguma maneira? O código não compila, aquela dorzinha de cabeça fica latejando o dia todo, o cardápio tem só beringela e carne de porco, o ar condicionado está frio demais e não, não há nenhum e-mail agradável no meu inbox. Eu me sinto a última e pior das mortais.
Será o famoso "levantar com o pé esquerdo"? Nunca prestei muita atenção com que pé eu levantei... Talvez eu deva preocupar-me mais com isso, talvez colar um aviso no teto, em cima da cama: Olha o pé!
Acho que precaução com pés não vai me eximir de ter os meus maus dias, vez ou outra. Aliás, o que me aterra é essa coisa de "vez ou outra". Nunca sei quando vai ser um dia ruim. Se soubesse que um desses estivesse começando, faria de tudo para evitá-lo. Talvez nem saísse de casa. Mas descubro isso mais ou menos as 18, 19h. Naquele momento que olho o pôr-do-Sol.
Olhar o pôr-do-Sol é o instante de passar a régua e calcular as perdas e os ganhos do dia. Mesmo inconscientemente, eu faço isso. Se a sensação que eu tenho ao olhar o Sol é aquela de "missão cumprida", de satisfação com a vida, de esperança no novo dia que vem amanhã, isto é sinal de que o dia foi bom. Por outro lado, se a sensação que sinto é a de "finalmente está acabando", decerto que tive um desses dias ruins.
É triste chegar a conclusão de que tive um dia ruim. Dá aquela sensação de chorar pelo leite derramado, de que eu podia ter sido um ser humano melhor, de que eu não me esforcei o suficiente. E tentar concertar o dia ruim na noite que resta, isto eu também descobri que não dá muito certo. Fatalmente já estou muito cansada e mau-humorada, querendo muita atenção e compreensão. Só que infelizmente ninguém é adivinho para saber das minhas necessidades. E também todas as outras pessoas do mundo têm as suas próprias necessidades, que eu também não sou adivinha para saber logo de cara. Enfim: é um cenário perigoso, onde ficar tentando encontrar o consolo para todas as minhas misérias provavelmente fará sentir-me ainda mais miserável.
Acho que a melhor atitude a tomar depois de um dia ruim é tentar chegar o quanto antes em casa. Tomar um banho quietinha, silenciosamente comer alguma coisa e ir dormir. "Chega por hoje", como diria o saudoso tiozinho da Biblioteca Central. O bom do dia ruim é que, inevitavelmente, ele é como todos os outros: dura apenas 24 horas.
Mas algo parece conspirar para que tudo me seja ruim. Por que será que tenho esses dias onde tudo, absolutamente tudo que tento fazer não dá certo ou não me agrada de alguma maneira? O código não compila, aquela dorzinha de cabeça fica latejando o dia todo, o cardápio tem só beringela e carne de porco, o ar condicionado está frio demais e não, não há nenhum e-mail agradável no meu inbox. Eu me sinto a última e pior das mortais.
Será o famoso "levantar com o pé esquerdo"? Nunca prestei muita atenção com que pé eu levantei... Talvez eu deva preocupar-me mais com isso, talvez colar um aviso no teto, em cima da cama: Olha o pé!
Acho que precaução com pés não vai me eximir de ter os meus maus dias, vez ou outra. Aliás, o que me aterra é essa coisa de "vez ou outra". Nunca sei quando vai ser um dia ruim. Se soubesse que um desses estivesse começando, faria de tudo para evitá-lo. Talvez nem saísse de casa. Mas descubro isso mais ou menos as 18, 19h. Naquele momento que olho o pôr-do-Sol.
Olhar o pôr-do-Sol é o instante de passar a régua e calcular as perdas e os ganhos do dia. Mesmo inconscientemente, eu faço isso. Se a sensação que eu tenho ao olhar o Sol é aquela de "missão cumprida", de satisfação com a vida, de esperança no novo dia que vem amanhã, isto é sinal de que o dia foi bom. Por outro lado, se a sensação que sinto é a de "finalmente está acabando", decerto que tive um desses dias ruins.
É triste chegar a conclusão de que tive um dia ruim. Dá aquela sensação de chorar pelo leite derramado, de que eu podia ter sido um ser humano melhor, de que eu não me esforcei o suficiente. E tentar concertar o dia ruim na noite que resta, isto eu também descobri que não dá muito certo. Fatalmente já estou muito cansada e mau-humorada, querendo muita atenção e compreensão. Só que infelizmente ninguém é adivinho para saber das minhas necessidades. E também todas as outras pessoas do mundo têm as suas próprias necessidades, que eu também não sou adivinha para saber logo de cara. Enfim: é um cenário perigoso, onde ficar tentando encontrar o consolo para todas as minhas misérias provavelmente fará sentir-me ainda mais miserável.
Acho que a melhor atitude a tomar depois de um dia ruim é tentar chegar o quanto antes em casa. Tomar um banho quietinha, silenciosamente comer alguma coisa e ir dormir. "Chega por hoje", como diria o saudoso tiozinho da Biblioteca Central. O bom do dia ruim é que, inevitavelmente, ele é como todos os outros: dura apenas 24 horas.
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