14 agosto, 2006

Contemplação

O quarto era simples - apenas uma cama, uma pequena mesa e uma TV, que eu fui notar que existia só na hora de partir. O que tornava todo o resto desnecessário era a janela: ao abrí-la, o mar. Nele, o verde da vegetação fundia-se com o azul do céu, cintilando calma e majestosamente, na mais divina combinação de cores.

Fitei longamente aquela paisagem deslumbrante. Abri bem os olhos para que aquela imagem, de alguma forma, aderisse mais às minhas retinas tão habituadas aos cotidianos objetos opacos.

Depois, fechei os olhos para que a paisagem não pudesse fugir de dentro de mim. A respiração lenta e profunda tentava absorver cada cheiro. A brisa suave acariciava o meu rosto, os raios de Sol aqueciam-me e dilatavam os meus poros. O barulho das ondas era a suave cantiga a me embalar num sonho acordado.

Nada mais era preciso naquele quarto. A simples janela revelava-me, de forma sublime, a mais confortadora e necessária das mensagens. Sim, Deus existe.