12 outubro, 2006

Lego

Já passara da hora de dormir. Os olhos piscavam com força, tentando desembaçar a visão.
Sobre a cama, pequenos pedaços azuis, cinzas, pretos. Onde está aquele quadradinho? Procura, procura, procura.

Eu me sentia como há uns 15 anos atrás, depois daquelas festas de Natal, quando minha mãe deixava eu ir para o meu quarto e brincar pela primeira vez com o presente ganhado. O cansaço já era grande, mas o frio na barriga de abrir a caixa do brinquedo novinho superava qualquer abatimento. Aquelas pecinhas novinhas, tão brilhantes... O cheiro de brinquedo novo... Tantas novas possibilidades para novas brincadeiras! Tantas pequenas partes que se encaixam tão perfeitamente!

Montei o TIE Inteceptor vagarosamente, para saborear cada instante daquele momento. Cada parte montada era um pequeno pedaço de saborosa felicidade. Sim, ainda tem o mesmo sabor: a gente-grande aqui parece que no fundo ainda é uma criança.

No final, o modelo todo montado e um sorriso no rosto. Inteirinho assim, na mão, é muito mais legal do que o desenho e as fotos do manual. As porta se abre e as asas se inclinam! Sensacional! Faltou descer a escada correndo, já de pijama, interrompendo a festa dos adultos e dizendo: Pai, Mãe! Olha que legal! A porta abre, olha...

No fim-de-semana eu mostro para eles. Hora de dormir. Coloco cuidadosamente a nave na mesma mesa que desde a minha infância acomodou as minhas cuidadosas montagens de Lego.
Antes de apagar a luz, uma olhada final, um sorriso. Ao ficar tudo escuro, no céu do quarto as estrelas cintilam no meu pequeno espaço sideral. Bons sonhos.